Depois do blogue, Judite Sousa, de 57 anos, lança agora um livro, ‘Duas ou Três Coisas Sobre Mim’, onde faz uma viagem ao passado, ao início da carreira, e recorda também alguns dos momentos mais dolorosos da sua vida, como a morte do único filho, André Sousa Bessa, em 2014.

Num capítulo dedicado ao regresso ao trabalho após a tragédia – com a entrevista a Cristiano Ronaldo – a jornalista explica o que sentiu. "Precisava daquela entrevista para me reerguer, tendo consciência de que estava frágil emocionalmente e a um passo de cair. Sabia que só o trabalho voltaria a dar sentido a uma vida, subitamente amputada pela morte do meu filho, para quem eu tinha vivido intensamente", escreve Judite, acrescentando que, depois da morte do filho, passou dois meses em casa.

"Foram dois meses de negação, de espera, como que acreditando que estava a viver um sonho mau, um pesadelo que iria passar." Na altura, a jornalista contava com o apoio de especialistas, e garante que se sentia anestesiada.

"A terapia, ironicamente, bloqueava-me as emoções. Não sofria porque não sentia e não sentia porque estava num limbo entre o viver e o não viver", recorda, acrescentando: "À medida que vamos rasgando os dias do calendário e o tempo passa, vamos dando mais valor ao que já tivemos e não podemos mais recuperar."