Trevas

Os apóstolos da pop electrónica parecem apostados numa mutação.
24 fev 2018 • 00:30
Fernando Sobral
Há quem diga que o mundo caminha para uma nova Idade das Trevas. São vozes pouco optimistas e talvez os MGMT sejam fiéis seguidores destas teses. Pelo menos a acreditar pelo título do seu novo disco: ‘Little Dark Age’. Os apóstolos da pop electrónica parecem apostados numa mutação.

Há também aqui um certo regresso ao passado: melodias alucinogénicas, como as que conhecíamos dos seus primeiros tempos. Basta lembrar que, há uma década, o seu álbum de estreia, ‘Oracular Spectacular’, foi um sucesso instantâneo.

Muitas canções suas mereceram depois versões de nomes como Katy Perry ou Weezer. E em temas de Beyoncé apareceram ‘samples’ de temas dos MGMT. Foi demasiado para o duo que parecia apenas querer fazer canções pop recheadas de ironia, em que se gozava com os excessos do rock.

‘Congratulations’ (de 2010), devoto da pop dos anos 80, foi um desastre. E é neste contexto que surge este novo disco, que bebe todas as influências na pop electrónica de meados da década de 1980. O universo em que o grupo se sente mais à vontade. Há aqui preocupações sobre as redes sociais (escute-se ‘She Works Out Too Much’), tudo com algum sentido crítico. E sempre com uma batida pop.

Encontramos também aqui a melancolia sonora muito típica dos melhores MGMT (‘Hand it Over’) ou o som eufórico de ‘Me and Michael’. Há aqui claramente uma reviravolta no caminho da banda. Segundo parece, o grupo deseja agora abrir janelas diferentes para o seu futuro: fazer "instalações artísticas", em vez de criar canções.

E talvez este disco seja o primeiro passo nessa direcção.
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